Ser ou não ser de ninguém
“Larga é a porta e espaçoso é o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela” (Mt 7-13e14).
Na hora de cantar todo mundo enche o peito nas boates, levanta os braços, sorri e dispara “eu sou de ninguém, eu sou de todo mundo e todo mundo é meu também” uh iuhu é!!, fazem até biquinho cantando! No entanto, passado o efeito da cervejinha, energéticos e dos beijos descompromissados, os adeptos da geração “tribalista” se dirigem aos consultórios terapêuticos, ou alugam os ouvidos do amigo mais próximo “Invoca-me no dia da angústia e eu te livrarei” (Sl 50-15), e reclamam da solidão, ausência de interesse das pessoas, descaso e rejeição.
A maioria não quer ser de ninguém, mas quer que alguém seja seu. Beijar na boca é bom? é sim! se mantiver sem compromisso, viver rodeados de amigos em baladas animadíssimas é legal ? “Há caminho que para o homem parece perfeito, mas o fim dele é a morte”(Pv 14: 12) Será que os grupos “tribalistas” se esqueceram da velha lição ensinada no colégio, onde “toda ação tem uma reação”, “pois aquilo que o homem plantar, isso também colherá” (Gl 6-7) agir como tal tem conseqüências boas e ruins
Não dá para ficar somente com a cobertura do bolo é preciso comer o todo, os ingredientes vão além do descompromisso, como: não receber o famoso telefonema no dia seguinte, não saber se estar namorando mesmo depois de sair um mês com a mesma pessoa, não se importar se o outro estiver beijando outra e etc... embora já saibam namorar os “tribalistas” não namoram. Ficar é coisa do passado, a palavra de ordem de hoje é “namorix”. A pessoa pode ter um, dois e até três “namorix” ao mesmo tempo, para eles virgindade também é coisa do passado. “Não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em nós (I Cor 6:19)” “mas o corpo não é para a prostituição” (I Cor 6:13)
Dificilmente está apaixonada por seu “namorix”, mas gosta da companhia do outro e de manter a ilusão de que não está sozinho. Nessa modalidade de relacionamento, ninguém pode se queixar de nada, caso uma das partes se ausente durante uma semana, a outra deve fingir que nada aconteceu, afinal, não estão namorando. Aliás, quando foi que se estabeleceu que namoro é sinônimo de cobrança ? a nova geração prega liberdade, “Irmãos, fostes chamados à liberdade, não useis então da liberdade para dar ocasião a carne, mais servirmos uns aos outros com amor” (Gl 5:13) mas acaba tendo visões unilaterais.
Assim como só deseja a “cobertura do bolo”, enxerga somente o lado negativo das relações mais sólidas, desconhece a delícia de assistir um filme juntos comendo pipoca, de cumplicidade, carinho e amor. É cuidar do outro e ser cuidado, é telefonar só para dizer boa noite, Ter alguém para fazer cafuné, um colo para chorar, é uma preparação para o casamento, enfim é ter alguém para amar. Um poeta disse que “amar se aprende amando” e se seguirmos seu raciocínio, esbarraremos na lição que nos foi passada nas décadas passadas relação é sinônimo de desilusão. O número avassalador de divórcios nos últimos tempos, só veio a confirmar essa tese e aqueles que se divorciaram vendem na maioria das vezes a idéia de que casar é um péssimo negócio e que uma relação sólida é sinônimo de frustrações futuras.Talvez seja por isso que pronunciar a palavra “namoro” traga tanto medo e rejeição. No entanto vivemos numa época muito diferente daquela em que nossos pais viveram. “O mundo passa e todos os seus prazeres, mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre”(I Jo 2-17).
Hoje podemos optar com maior “liberdade”, não se trata de responsabilizar nossos pais, ou atribuir um significado latente aos acontecimentos vividos e assimilados na infância, pois somos responsáveis por nossas escolhas, assim como o que fazemos com as lições que nos chegam. Podemos aprender amar se relacionando trocando experiências, afetos, conflitos e sensações. Não precisamos amar sob os conceitos dessa sociedade.
Nós temos o livre arbítrio para a escolha. Ser livre não é beijar na boca e não ser de ninguém. “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convém.” (I Cor 10-22 a). Ter coragem, ser autêntico e se permitir viver um sentimento é uma das conseqüências de uma pessoa livre, é também arriscar, pagar para ver e correr atrás de seus sonhos, é doar e receber, é estar disponível, é compartilhar momentos de alegria e buscar tirar proveito até mesmo das coisas negativas. Ser de todo mundo, não ser de ninguém, é o mesmo que não ter ninguém também... é não ser livre para trocar e crescer... é estar fadado ao fracasso emocional e a tão temida solidão.
“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” ( João 8-32)
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