A
PÉROLA INCOMPARÁVEL
Verso para decorar:
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de
vós, é dom de Deus; não de obras, pra que ninguém se glorie”
Efésios 2: 8,9
(cartaz n. 1)
O homem pulou para
dentro das águas profundas, provocando círculos de pequenas ondas.
Logo, porém, a água tornou-se calma. O missionário ficou com os
olhos fitos no lugar onde pequenas bolhas de ar subiam á tona. Logo
uma cabeça apareceu, olhos brilhando. O velho mergulhador indiano
subiu no barco com uma certa dificuldade, sacudindo á água do seu
corpo, brilhante de uma camada de óleo.
Nunca vi um mergulho
mais bonito, Rambhau – o missionário, Davi Mendonça, elogiou-o.
(cartaz n. 2)
- Veja só sahib –
disse Rambhau, tirando uma grande ostra de entre os dentes. –
Desconfio que seja boa.
Mendonça pegou a ostra
e ia abrindo-a com seu canivete, enquanto Rambhau tirava outras
menores da sua tanga.
(cartaz n. 3)
- Rambhau, veja só! –
Mendonça exclamou. – Uau é uma jóia!
- Não está ruim –
disse o mergulhador, encolhendo os ombros.
- Não é ruim?! Você
já viu uma pérola melhor? Parece-me perfeita.
Mendonça virou a pérola
nos dentes mirando-a e depois entregou-a ao indiano.
- Ah, sim, há pérolas
de qualidade superior. Note as imperfeições... a manchinha aqui...
aquele buraquinho. Mesmo o formato não está perfeito. Serve mas eu
tenho uma...
- Seus olhos são muito
aguçados – comentou Mendonça. – Eu não esperaria uma pérola
mais perfeita que esta.
Pois bem, é como o
senhor diz de seu Deus – comentou o indiano – As pessoas, olhando
para si, acham-se perfeitas. Mas Deus as vê assim como realmente
são, com todos os defeitos.
Os dois homens deixaram
o barco na praia e iam caminhando pela estrada poeirenta em direção
à aldeia. Logo o missionário falou:
- Tem razão, Rambhau,
mas Deus oferece a perfeita justiça de Cristo a todos que confiam
nELE e aceitam Seu presente de salvação. Você não pode entender
isto amigo?
- Não sahib, como já
lhe disse, é fácil demais. Esta é uma falha da sua religião.
Talvez seja meu orgulho, mas não posso aceitar uma salvação que
nada me custe. Preciso merecer meu lugar no céu; de outra forma, não
me sentiria bem lá.
- Oh, Rambhau, você não
vê que desta forma você nunca poderá chegar ao céu? Há um só
caminho e, Rambhau, você está ficando velho. Talvez este seja seu
último ano a mergulhar em busca de pérolas. Se você quiser ver os
portões de pérolas da cidade celeste, terá que aceitar o presente
que Deus lhe oferece através de Seu Filho.
Atrás das palavras do
missionário houve anos de oração pela salvação do indiano.
(cartaz n. 4)
- O último ano? Sim
sahid, tem razão. Não só o último ano mas o último dia. Hoje
mergulhei pela última vez. Estamos no fim do ano e tenho que me
preparar. O senhor vê este homem? É um peregrino, talvez de Bombaim
ou Calcutá. Ele anda descalço e pisa nas pedras mais pontiagudas.
Veja como se ajoelha de dez em dez passos para beijar o chão. Acho
muito bonito aquilo. No primeiro dia do Ano Novo eu também pretendo
começar uma peregrinação. Planejei-a a vida toda. Quero ter
certeza do céu. Irei a Nova Delhi, andando de joelhos.
Está louco são mais de
mil quilômetros a Delhi. A pele abrirá nos joelhos, ficará com
infecção e talvez com a lepra antes mesmo de chegar a Bombaim.
- Não importa; preciso
chegar a Delhi e os imortais me recompensarão. O sofrimento será
doce porque assim poderei merecer o céu.
Rambhau, meu amigo, não
pense em tal coisa. Você não pode entender que Jesus já morreu
para pagar o seu lugar no céu?
O velho não se deixou
convencer.
- O senhor é meu amigo
mais querido, sahib Mendonça. Durante todos estes anos nunca me
desamparou. Na doença e necessidade tem sido meu melhor amigo. Mas,
mesmo o senhor não poderá mudar meus planos para assegurar a eterna
felicidade. Preciso ir a Delhi.
Não adianta mais falar.
O velho mergulhador não podia compreender as verdades espirituais e
não aceitaria o dom da salvação.
Uma tarde, ao atender a
porta, Mendonça deparou com Rambhau novamente.
- Meu bom amigo – ele
exclamou. – Entre!
- Não posso entrar –
o indiano respondeu. – Mas quero que venha à minha casa. Não
tomarei muito o seu tempo, mas tenho algo que desejo mostrar-lhe. Não
recuse, por favor.
O coração do
missionário pulou. Talvez Deus estivesse respondendo sua oração.
De boa vontade seguiu o velho em direção à sua casa.
- Vou começar minha
peregrinação na semana que vem – disse Rambhau.
O coração do
missionário ficou pesado. Talvez esta fosse a última oportunidade
para apontar o caminho certo ao velho mergulhador. Rambhau saiu da
sala e logo voltou com um cofre que, apesar de ser pequeno, era bem
pesado.
(cartaz n. 5)
- Este cofre já está
ficando velho – disse o indiano. – Guardo nele uma coisa pequena.
E vou lhe contar a respeito, sahib Mendonça. O senhor não está
sabendo, mas eu tinha um filho.
- Um filho! – o
missionário exclamou. – Mas nunca me falou dele!
(cartaz n. 6)
- Não sahib, não pude.
– Os olhos do velho se encheram de lágrimas. – Preciso
contar-lhe, porque logo vou embora e ninguém sabe se voltarei. Meu
filho também era mergulhador. Era o melhor mergulhador de pérolas
na costa da Índia. Mergulhava mais depressa, tinha os olhos mais
penetrantes, o braço mais forte e segurava o fôlego mais tempo que
qualquer outro que jamais procurou pérolas no fundo do mar. Quanta
alegria o meu filho me trouxe! Ele sempre sonhava encontrar uma
pérola perfeita. E um dia encontrou-a, mas ao trazê-la à tona,
ficou com o pé preso numa rifa de coral e teve que ficar muito tempo
debaixo da água. Faleceu logo depois.
O velho mergulhador
baixou sua cabeça. Seu corpo tremia, não chorava alto.
- Durante todos estes
anos guardei a pérola – continuou ele. – Mas agora que vou sair,
talvez nunca voltarei, quero dar esta incomparável pérola ao meu
melhor amigo.
(cartaz n. 7)
Abriu o cofre, tirou uma
pérola enorme e colocou-a na mão do missionário. Era uma das
maiores pérolas jamais descobertas na costa da Índia, e reluzia
como uma pérola cultivada nunca poderia brilhar. O missionário
examinou a jóia reverentemente, boquiaberto.
- Rambhau, nunca vi uma
pérola com esta.
- Sim sahib, esta pérola
é perfeita – declarou o velho indiano.
O missionário olhou
para seu amigo e, de repente teve uma idéia.
(cartaz n. 8)
- Rambhau, a pérola é
maravilhosa. Incomparável! Deixe-me comprá-la. Dar-lhe-ei quinze
mil rubis por ela ou, se quiser mais, irei trabalhar para poder
possuí-la.
- De nenhum modo!
Exclamou Rambhau, empertigando-se. – Esta pérola não está à
venda. Nenhum homem do mundo teria dinheiro suficiente para pagar o
que a pérola vale pra mim. No mercado, nem um milhão de dólares
poderia comprá-la. Ela não tem preço. O senhor só poderá tê-la
como um presente.
- Não Rambhau – disse
Davi Mendonça. – Não posso aceitar tal presente. Por mais que eu
quisesse a pérola, não poderia aceita-la de graça. Talvez eu seja
orgulhoso, mas seria muito fácil. Preciso pagar ou trabalhar por
ela.
O velho mergulhador
estava indignado.
- O senhor não está
entendendo, sahib. Não pode compreender que meu único filho deu sua
vida para adquirir esta pérola. Não a venderia por preço algum;
porém, posso dá-la como presente. Aceite-a como uma prova do meu
amor.
O missionário, tomado
de emoção, não pode falar durante uns minutos. Depois pegou a mão
do velho.
(cartaz n. 9)
- Rambhau, não está
percebendo? É justamente esta resposta que você tem dado a Deus.
Deus lhe oferece a salvação como um dom, de graça. O presente da
salvação é tão grande e de tanto valor que ninguém poderá
comprá-lo. Ninguém pode trabalhar por ele. Ninguém o merece. Nossa
salvação custou à vida e o sangue do próprio Filho de Deus. Cem
peregrinações; não poderiam comprar sua entrada no céu. Rambhau,
você só poderá entrar lá aceitando aquilo que Deus fez por amor a
você, um pecador. Rambhau,aceito a pérola. Você aceitará o
presente do céu que Deus lhe oferece, sabendo que custou a morte de
Seu Filho?
(cartaz n. 10)
Rambhau entendeu. Nesta
mesma hora aceitou o dom de Deus, a salvação. Você já fez isto.
Se não, porque não o aceita hoje?
Linda história
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